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APÓS GREVE

Deepfake e inteligência artificial: Como tecnologia afetará o cinema em 2024? 38192v

REPRODUÇÃO/NETFLIX

Robert De Niro em cena de O Irlandês (2020)

O filme O Irlandês (2020), da Netflix, utilizou deepfake para rejuvenescer Robert De Niro

JOSÉ VIEIRA

[email protected]

Publicado em 1/1/2024 - 14h00

A indústria cinematográfica norte-americana de 2023 foi marcada pela greve dos atores e roteiristas. Com a paralisação dos sindicatos, campanhas de divulgação foram interrompidas, e produções, adiadas. Entre as demandas solicitadas, destacou-se a regulamentação do uso de inteligência artificial e deepfake em projetos audiovisuais. A tecnologia é uma realidade em diversos setores do mercado. Para evitar demissões em massa, é necessário ética dos grandes estúdios.

Em entrevista ao Notícias da TV, Cao Quintas, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e criador da Latina Estúdio, reconhece a inteligência artificial como uma importante ferramenta para otimizar tarefas. No ambiente cinematográfico, a tecnologia é recomendada para processos técnicos e automatizados.

"Por exemplo, em uma análise técnica de roteiro, em que você precisa determinar em cada cena o que você está filmando, quais atores estão participando e seus figurinos, para que, depois disso, você possa fazer uma programação de quantas diárias você vai usar para filmar", pontua Quintas.

Apesar do bom funcionamento, o professor destaca a importância de avaliar o trabalho feito pela tecnologia. "Como produtor executivo ou assistente de direção, a gente tem que olhar, ajustar aqui e ali. Mesmo nesses trabalhos que são um pouco mais automáticos, a inteligência artificial não consegue ainda andar por si própria."

A principal preocupação dos sindicatos, no entanto, refere-se à utilização da ferramenta para questões criativas. A inteligência artificial se baseia em uma coleta de conteúdos existentes. Logo, ao utilizá-la para a construção de um roteiro, por exemplo, perde-se a autenticidade da produção humana.

"Pode funcionar como uma ferramenta muito interessante de inspiração para roteiristas e tudo mais. Pode dar algumas sugestões de caminhos que o roteiro pode levar e, obviamente, criar algo usando como parâmetro toda a coleta que ela faz de obras existentes", explica o professor.

Então, surge a discussão sobre ética. A inteligência está se utilizando de outras obras que já foram criadas para tirar alguma criação. Ela nunca será autêntica, porque o processo da inteligência artificial é um processo de treinamento. Qualquer coisa que ela te sugerir, vai estar baseada em outras coisas que ela pesquisou na internet.

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O deepfake é uma técnica de inteligência artificial que permite a criação de vídeos e imagens realistas em que pessoas podem ser colocadas em qualquer situação, dizendo frases nunca ditas ou assumindo atitudes jamais tomadas.

Em 2022, na disputa presidencial entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva, a técnica foi utilizada para disseminar desinformação nas redes sociais.

Apesar disso, a ferramenta não se limita ao campo político. O filme O Irlandês (2020), de Martin Scorsese, usou o deepfake para rejuvenescer os personagens de Robert De Niro e Al Pacino. No último ano, Bruce Willis vendeu a própria imagem a uma companhia especializada na tecnologia.

"Não é uma realidade distante da gente. Já está acontecendo. Para produções em vídeo, sobretudo as que ferem a legislação, estamos vendo acontecer. Em época de eleições, a quantidade de vídeos em que palavras falsas são colocadas na boca de determinado político é gigantesca", avalia Quintas.

A necessidade de regulamentação 5e5242

O professor reforça a importância do desenvolvimento de uma regulamentação entre os grandes empresários que trabalham com cinema, como donos de produtoras ou distribuidoras. Além disso, com a ética profissional, o uso irresponsável da tecnologia será interrompido.

Acho que o primeiro ponto ético deveria partir das empresas. Sem dúvida alguma, é uma atividade muito extensa, precisa ser regulamentada. Para ser regulamentado, tem que ar pelos órgãos federais. É necessária essa discussão entre todos que estão nessa cadeia: produtores, roteiristas, atores, distribuidores, players em geral, como plataformas e TV a cabo.

"Eu não vejo problema nenhum de a gente fazer essa troca de ideias com uma inteligência artificial, ouvir ou usar suas sugestões para um caminho ou outro. O que eu questiono é a questão de a gente deixar a criação toda na mão de uma tecnologia. Isso, sim, pode gerar uma série de demissões e uma série de subempregos, ou mesmo pagamentos menores. Isso tudo vai degenerando um pouco nosso mercado", opina.

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